domingo, 25 de janeiro de 2009

O RESPEITO VALIA MAIS QUE DINHEIRO

Olha o leite! Olha o leite!
Ainda escuro, manhãzinha chegando,
mineiramente falando
o leiteiro conduzia a carroça
repleta de latões bem areados,
brilhando aos primeiros raios de sol
uma lata de óleo adaptada,
medindo um litro certinho,
vendendo o precioso alimento
que a todos dava sustento!...

Não haviam agrotóxicos,
nem hormônios,
o leite dava 'sustança',
a carne era sem igual:
animal só comia grama,
ração...fazia mal!
Investimentos na saúde,
era a boa alimentação!
Todos os terreiros
lotados de frutas variadas,
verduras nos canteiros,
cheiro verde abrindo apetites
para o mundo inteiro!

Cadinho mais tarde, vinha o padeiro!
'Olha o pão, olha o pão fresquinho,
assado com carinho,
forno a lenha....
tenho pães e biscoitinho!
Bolachinhas variadas!'
Nas cestas forradas de pano branquinho
sobre a carroça com parelhas
ou em carrinho de pedreiro,
tudo bem limpinho
estava o pão, as roscas rainhas,
ele deixava na porta para quem era freguês
e recebia no final do mês.

O quitandeiro,
aceitava caderneta!
Era comprar e marcar!
A cada 30 dias, somar
o que se ia comprar!
Tempo 'bão' da confiança
onde o bigode era como fé e esperança!
O chapéu do homem sobre o chapeleiro
era marca de honra, respeito,
valia mais que dinheiro!

Se o menino fazia estripulia,
puxava-se a orelha,
um beliscão corrigia o mal feito,
sentado na cadeira, cumpria-se o castigo,
todos ajudavam nas tarefas do lar,
igualmente estudavam,
eram alimentados com farinha;
do fubá, fazia-se o mingau,
cataplasmas nas bronquites;
chá de alho e limão
curava gripe!

Frango, alimento raro,
era para o domingo:
só o caipira!
Era feito ao molho pardo,
ou amarelinho com quiabo
acompanhado de angu,
arroz soltinho, alface da horta
a boca ficava até torta,
de tanto se lamber
sugar o caldo dos ossinhos,
sabe-se lá
quando isto voltaria a acontecer...

O respeito valia muito!
Muitos tomavam a bênção aos mais velhos,
costume que foi se perdendo,
mudança de verbo...
crianças não davam palpites,
nem se metiam na conversa dos mais antigos,
era grande a economia
de lápis e papel,
estojo de madeira durava o curso inteiro,
nada se jogava fora,
estudo sempre vinha em boa hora!

Decorava-se a tabuada
de somar, dividir, multiplicar, diminuir,
pontos eram sorteados e recitados
na frente do Mestre...
ou se tinha boa memória
ou se adquiria
para se dar bem em história e geografia
era tanta coisa diferente,
mas toda gente
vivia feliz e contente
com o pouco que se tinha

Tempo bão aquele...
tempo bão
de pouco dinheiro para uns,
mas de muito respeito para todos!
Passou-se pela primeira guerra mundial
chegou-se à segunda,
as pessoas sofriam muito
por que sentiam o lamento do outro;
o caráter estava impregnado na testa!
O trabalho no coração!
A moral não se perdia,
não se mudava de opinião,
grande valor tinha a educação...

Hoje, não sei,
perdeu-se a noção e a lei,
falta de educação e esperteza
são laureados
considerados um bem,
coitados dos honestos,
dos de boa índole,
estes se perdem
aqui, agora, e no além...

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