Meus pés... já não vejo meus pés,
andei lua, andei sol,
fui amor em outros tempos,
caminhei até onde suportei
fui amor, não percebi se fui amado,
então voltei e nasci...
Pisei em terra vermelha sem paixão,
molhei meus olhos de sal,
sorri antes e chorei depois da solidão,
era amor...
jamais fui amor de alguém que não eu,
fui, andei por ruas sem calçadas,
corpos sem corações... andei... andei...
Morri milhares de vezes e não a encontrei,
voltei todos os séculos,
nasci milhares de vezes e morri,
até que um dia o sol nasceu em mim,
voltei mais uma vez a vida,
caminhei devagar, agora mais lento,
o desanimo virou cansaço... morri.
Um dia a lua voltou ao céu e contou as estrelas,
milhares delas refletiam luz,
até que um raio furou terra adentro,
voltei entre milhares de amantes,
vi que meu corpo ainda era único, a mente forte...
mas o amor, onde está o amor prometido?
Li alguns escritos nas portas de um livro,
desenhei letras nos caminhos que voltei,
até que percebi olhos a minha volta,
fortes, brutos e suaves, é a paixão que avisou,
revi meus escritos, olhei todas as imagens,
conhecia a alma que rondava meu corpo,
era amor, simples amor, o meu amor.
Marquei encontro no décimo terceiro dia de sol,
voltei aos meus deuses e não implorei desta vez,
pedi para que a encontrasse, o amor,
a mulher que carrega pedaços do amor que a séculos perdi,
meus pés voltaram a caminhar, agora fortes,
sem peso, sem pressa, acordei no meu hoje,
quando notei seu corpo sua paixão já me esperava...
Suguei a alma da boca que beijei,
falei de amor depois de tocar seu corpo nu,
amei, amamos, voltei a ser sol entre a lua e a estrela,
aprendi a deixar a paixão queimar, o amor acalmar,
toquei com minhas mãos que há muito esperei,
toquei o amor com amor,
depois de tantos séculos volto a ser amante.
Sem comentários:
Enviar um comentário