Estou intranquilo.
Tudo me parece tristemente imóvel.
Tudo é verdadeiramente opaco.
Só o sonho não é mentiroso
E nele sente-se isto, aquilo
Que atinge o forte e o fraco.
A realidade é crua, um horror
Quando nos estremece no acordar p’rá vida
Numa desumanidade que não queremos.
Estou intranquilo.
Todos fazem parecer o que não são
E suspeito de mim mesmo, sem perdão.
Mas torno a mim implorando
Contra os erros que até hoje cometi
Deixando meus olhos no momento em que te vi.
Julguei-me nesse beijo
Despertar, certo e seguro
E fui nessa aventura, na leveza de um desejo.
Depois voltei a chorar e a morrer
Num sem futuro!
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