Começo a perceber
Mudanças em meu viver
Que maltratam e que assaltam
As regras de meu entender
Assolam, me fazem sofrer...
Já não sou mais a menina
Não sou mais nem aquela
Que esparramada na janela
Toda sorridente e bela
Pra ver meu amor, na espera...
A idade, sempre chegando
Meus olhos se embaçando
Nos anos que estão passando
Sobras de amores-mormaço
Fazem-me pensar, pensando...
É o cansaço da alma, que sofre
São gemidos de dor ao vento
Carícias que ainda alimento
Verdades dos meus desencantos
Cansaço, em meu peito, sem alento...
A lua, companheira, fugindo alucinada
Tristonha, querendo me consolar
Mas me via tão distante
Musa esquecida, sem semblante
Surpresa ao me ver assim estar...
É a cólera dos meus sentidos
O esgar de toda aquela emoção
São dilacerantes quimeras
Fortuitos elos de espera
Que arranham meu coração...
E a ventania, que em meus cabelos se ouvia
Como murmúrios de umas paixões
Cochichavam, em meus pensamentos
Eram da vida meus fragmentos
Se escoavam aos quatro ventos...
Depois de um grande dissabor
De um rompimento de amor
Custa-me intensa acreditar
Que estou assim pálida, sem cor
Desinteressada, quase a chorar...
Mas na vida que tudo passa
Passa célera que nem fumaça
Desfigurando toda minha dor
Convida-me a me ver surgir
Encantada ainda, vem me ouvir...
O tempo me ampara, que tudo sara
Está se aproximando, cochichando
Livrando minh'alma, me estimulando
Depois de uma noite tão escura
Um novo amor surge, me amando...
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