Fim de tarde, sol poente na cidade,
colorindo a visão, no anonimato,
pois o ser citadino, na verdade,
já nem lembra como é belo esse contato.
Lá por trás do pôr-do-sol vou viajando
e as lembranças da infância me invadem.
Devagar, as imagens vão chegando,
braços dados com o peso da saudade.
Fecho os olhos e um céu todo estrelado
faz a noite, nesse meu mundo criança.
Violão, no terreiro, dedilhado,
cobre o leito onde o meu sonhar descansa.
Contra o vento, no lombo do cavalo,
sinto o gosto, sem igual, da liberdade.
O trinar da passarada é embalo
na viagem sem destino da saudade.
O mugido do gado, no curral,
despertando o pessoal, madrugadinha,
traz à mente lembrança quase igual
ao sabor do leite morno da vaquinha.
A fogueira, esquentando a noite fria,
e ao redor, muita história e cantador.
Brincadeira feliz, no fim do dia,
no descanso merecido do lavor.
Pôs-se o sol, já é noite, volto à terra
coração, no entanto, ficou lá,
na infância feliz, no pé-de-serra.
Que saudade do amado Shan-Gri-La!
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