Meu caminho é minha sombra,
nunca a encontrarei antes do pôr-do-sol,
não sou filho da noite, pergunto, imploro,
tentei inúmeras vezes me libertar,
nem ao menos um som como resposta.
Esqueci o que quisera me dizer,
se foi amor, não sei...
estou insano, minha paixão dói,
penso nos pés cansados da procura;
desanimado, volto da metade do caminho.
Meus sonhos se misturam ao sangue e neve,
meu corpo desperta gelado por dentro,
falta-me a mão aquecida do destino,
os olhos que me fazem enxergar o futuro,
a pele quente cobrindo meu corpo.
Estou completamente nu,
meus sonhos sem cores, absolutamente nada,
as vontades foram esfarrapadas pelo tempo,
alguns estranhos pensamentos me invadem a alma,
observo o mundo e me esqueço no meio.
Tenho muros ao redor de meu corpo,
minhas pernas me carregam por corredores vazios,
nenhuma estrela se atreve a penetrar sua luz,
poderia dizer, até gritar meus sentimentos,
aguardo uma esperança, como fazem os amantes.
Posso ainda creditar amor aos meus desejos.
Libertá-los da inércia? Não saberia como,
se não podem mostrar amor, não existem,
tento em vão compreender este certo gostar,
tento então suavizar os gestos das minhas sombras.
Sua vida, como cores, muda de tempos em tempos,
os sonhos são como névoa à espera da umidade,
nos olhos um porcelanizado, parecendo estrelas nuas,
reflete nos cabelos uma flor brilhante que deixa perfume,
talvez agora entenda um pouco, não é uma mulher comum.
Liberte-me da solidão bruta e estúpida,
um dia um sorriso na boca e ela vai me ouvir,
não tentarei lhe dizer dos desejos que não compreendo,
deixo-a livre para ir e vir, quando quiser, assim como sou,
até que minha insanidade volte, lembro você aqui.
Voltarei mais uma noite, sem sombras, sem passados,
deixarei meus olhos fechados para a escuridão,
minha alma lhe entregarei em uma bandeja simbólica,
olhe pelo meu destino, ainda sou o mesmo amante,
o homem das mesmas noites, o amor da mesma cama.
Sem comentários:
Enviar um comentário