Não quero gritar o amor que sinto,
vou ficar aqui onde me deixou um dia,
em meio a noite úmida,
nos caminhos que não sei aonde vão,
nem ao menos sei por onde procurá-la.
Como confiar nas palavras d'outra mulher,
se mais este dia sinto-me abandonado ,
as vidraças continuam embaçadas do calor,
a porta continua entreaberta
por onde o amor passou escondido.
Não marquei os caminhos por onde foi,
deixa seu corpo seguir os desejos,
quero um dia reencontrá-la por aí,
em um hotel, em uma rua qualquer,
vou gritar como antes, meu amor é meu.
Meu desejo não é perder as lembranças,
é viajar pelos continentes mais longínquos,
desenhar nas mesas dos bares sua imagem,
riscar no mundo inteiro seus traços,
assim continuo, apaixonado e dela.
Não, não me salvem deste amor-amante,
deixem que eu vá carregando as lembranças
daquela mulher que ainda é amor,
voltarei quando o vento me trouxer noticias
ou não me procurem mais, deixem-me esquecido.
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