Aquela preocupação por fortuna fácil já era mania do irmão Teodoro Pancrácio.
Experimentava a loteria, topava grandes apostas, freqüentava leilões de antigüidades e, entre amigos, confessava-se apaixonado por moeda grande.
Por isso mesmo, fitou com avidez a maleta encastoada de prata que, naquela manhã, alguém esquecera num dos bancos da Praça da República, em São Paulo.
Um pequeno esforço e sentou-se junto do achado. Queria que os transeuntes tivessem a impressão de que ele era o dono do objeto que lhe conquistara o irresistível interesse.
Transcorridos alguns minutos, empalmou a maleta com naturalidade e tomou o ônibus, no qual iniciaria a viagem de retorno à própria residência.
Acomodou sobre as próprias pernas aquela caixa esculpida em madeira, com a chave dependurada num dos bordos e passou a fantasiar altas perguntas...
Que conteria aquele estojo de que se apropriara? Respondia a si mesmo, excitado e otimista... Possivelmente, estaria conduzindo um tesouro de jóias ou, quem sabe, ali estariam encerrados milhares de cruzeiros?
Trocando várias conduções, chegou à periferia onde morava.
Dirigiu-se um terreno baldio, quase rente à própria casa, já que se sabia aguardado pela família.
Ansioso, manobrou a chave, no entanto, apavorado notou que, de dentro da mala pequena, saltou um grande cascavel que, de imediato, se armou contra ele, agitando o chocalho.
Pancrácio clamou por socorro e chegou muita gente.
Os vizinhos auxiliaram-no a recolocar a serpente enorme no recinto da caixa que foi novamente fechada.
E, depois de muitas providências, apareceu no dia seguinte a informação exata em torno da curiosa surpresa.
O ofídio pertencia a um fazendeiro de Minas que se aproveitara da visita a São Paulo, a fim de oferecê-lo para estudos no Instituto Butantã.
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