Um crente sincero na bondade de Deus, desejando aprender como colaborar na 
construção do reino de Deus, certo dia pediu ao Senhor a permissão para 
compreender os propósitos divinos e saiu a campo.
De início, encontrou-se com o vento que cantava e o vento lhe disse: Deus 
mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto 
também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma flor que inundava o ar de perfume, e a 
flor lhe contou: minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também 
o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem parou ao pé de grande árvore que protegia um poço de 
água, cheio de rãs, e a árvore lhe contou: confiou-me o Senhor a tarefa de 
auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os 
pássaros e os animais.
O visitante olhou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a 
árvore continuou: estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas 
depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes contra os 
vermes da destruição e da morte.
O aprendiz compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, chegando numa grande cerâmica.
Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o barro lhe disse: meu trabalho 
é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na 
residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação 
do reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar cada 
dia algo a mais.
***
Temos que convir que, se cada um fizesse somente a sua obrigação, a 
humanidade não teria saído das cavernas.
O progresso só se realiza porque há pessoas que fazem algo mais que sua 
obrigação pura e simples.
O esforço que cada criatura faz em prol do bem comum, é o que propicia a 
realização das conquistas maiores.
Se os homens de gênio tivessem apenas cumprido seu tempo justo de trabalho, 
não desfrutaríamos hoje das grandes descobertas.
Se Pasteur, Tomas Edison, Pierre e Marie Curie, Grahan Bell, e outros tantos 
cientistas não tivessem feito algo mais que a sua obrigação, a humanidade 
não teria atingido tamanho progresso.
Nós, por nossa vez, também podemos e devemos fazer algo a mais para 
conquistar uma sociedade justa e feliz.
Além das oito horas diárias de trabalho, podemos dedicar alguns minutos para 
tirar alguém do analfabetismo.
Para ensinar um serviçal a utilizar corretamente os produtos e equipamentos 
de trabalho.
Para socorrer um ancião desvalido, uma criança desamparada, um animal 
ferido, um enfermo sem esperanças.
Aprendamos, com o devoto da fábula, que para a construção de um reino feliz, 
Deus
espera que cada um de nós façamos algo a mais.
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