quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

SE EU FOR, QUANDO EU FOR

Se eu for impaciente e começar a dizer o que não devo, põe de leve os teus dedos sobre a minha boca e lembre-me que há momentos em que é melhor calar.
Se eu for igual a um surdo e teimar em não querer escutar, fale mais baixinho, fale quase num sussurro;

Fale com o teu interior, quase em silêncio, aí eu terei de esforçar-me para ouvir-te e então que poderei escutar-te melhor.



Quando eu for um sorriso, abre teu coração

para guardar o momento em que sorri porque, quando eu estiver triste, ligarei tuas lembranças e ouvirei de novo aquele instante em que fui tão feliz

que até me dei ao luxo de sorrir.
Quando eu for desespero e desencontro, que sejas tu a dizer-me que nem tudo está perdido;

eu entenderei que desejas animar-me e devolver a minha confiança perdida, assim pelo menos poderei tentar de novo.
Se eu partir, se eu for embora, que tenhas a coragem de buscar-me ou a paciência de esperar pelo meu retorno ....
Se me buscares, eu diminuirei meus passos para que me alcances e se eu souber que me esperas, voltarei e, de um modo ou de outro, ficaremos juntos outra vez.



Quando eu for erro, ensina-me o certo,

e quando errar de novo perdoa-me, porque no primeiro caso, eu aprenderei;

No segundo caso, eu chegarei a ter vergonha de haver errado.



Quando eu for pergunta é preciso que sejas tu a resposta porque, se não o fores, a esfinge continuará indecifrada e ficará nas areias do deserto sem solução.
Quando eu for inteira tristeza, guarda minha mágoa contigo, assim ninguém mais se contaminará com o que sofro e tu me ajudará a carregar o mar imenso de minhas lágrimas.
Quando eu for tempestade que sejas tu a bonança e o tranqüilo porto onde deverá chegar meu barco desarvorado e sem rumo...
Enfim, quando eu for saudade, que eu seja realmente saudade:

Se no purgatório estiver, a saudade será refrigério que me aliviará, o consolo que me confortará;

Se eu estiver onde dizem que não há dor,

em que o sofrimento não chega, a saudade de ti será então a dor única que ali terá chegado,

a lembrar-me de que, sem ti, eu não cheguei de todo e a felicidade ainda não a conquistei,

nem chegando à bem-aventurança, já que a saudade me dirá serena que a felicidade ficou onde estás, que a minha ventura permaneceu contigo.

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