Hoje, fiz-me um viajor das estradas do meu senso...
Óbvio que rociei a orla do meu passado, mas não me deixei açambarcar pelos tentáculos peçonhentos do que já mais não existe...
A casa de minha avó, o pé de jaboticaba, os pássaros livres, o andar descalço, o pomar, o mato verde...
Mas meneei pelo abeirar dos percursos dos pensamentos bons, que em mim ainda habitam, e que fortaleceram-me vida a frente...
Sempre Alerta! Rssss....
Sério, vi-me no colégio Macedo Soares, nas bolinhas de gude, nas bicicletas, nos "rachas" de futebol pós -aulas (justamente os maiores motivos para levar um "chega pra lá" de minha mãe, pois a camisa branca do uniforme, tornava-se absolutamente amarela, traidora...rsss), os meus times de botões, a "raiva" da matemática, o tomar banho e continuar descalço...
Hoje acordei cedo (arghhh...que sofrimento!), e caminhei pelas estradas de terra batida por onde sempre me encontrei (em todos os sentidos), enfim hoje eu me redesenhei.
Contornei, traço forte, o desenho desse corpo meu e sem espasmos ou reclamos, pude observar-me em todos os planos... Desde do aqui, até o acolá...
E engraçado, senti-me inserido no que ainda sou... E cheguei a conclusão de que não me perdi de mim, que ainda continuo em essência buscando o Bem...
Lógico, que nessas idas e vindas, muitas vezes eu me vi enredado por pensamentos ruins, desesperanças,... Mas no todo, vi-me ainda um sonhador inveterado, que absolutamente em momento algum (coisas de meu pai), guardou raiva, exarcebou-se em ira, e isso me aliviou sobremaneira...
Cara, quantos apertos passei... Muitos, infindos...Mas sobrevivi, e fiz-me, pois que reconstruir-se faz parte da dinâmica da alma...
Minhas filhas...
Bateu uma saudade enorme de minhas filhas, musas minhas, razões de minha estadia por esses cantos daqui.
Na verdade, quando tudo faz-se por vezes cinzento perante nosso mirar meio que descentralizado, eis que verdades ali estão contidas, mostram-nos principalmente nossos instantes possessos, nossos instantes de acalmia, justamente aí, desnudamo-nos...
Rasguei pensares pesados, e grato rememorei tudo o que por mim foi feito, pelo amor que tive a chance de conhecer, sentir, possuir, viver.
Nesse momento senti-me encantado...
Não é pra qualquer um não meu irmão. Já vi muita gente rodar mundo, sem conhecer o tal do arrepio encantado, que o contato de um corpo amado nos traz..
Não tenho como, nem porquê reclamar...
Mas senti, que por vezes nossas tendências meio que anarquistas, levam-nos a procurar a dor...
Esquisito esse lance de masoquismo...
Mas que pinta, pinta...
De repente a gente se sente preso em meio aos nossos claustros, sem a minima condição de deslaçarmos os nós, que constróem as teias que nos detém, para justamente não voarmos além.
Livre arbítrio, fazer o quê?
Mas, no todo eu me senti. Coisa que não fazia faz uma "cara" de tempo.
Lavei minha face e constatei, que arraigada a mim ficou aquela mania sombria de querer fazer chover...Mesmo que contrariando o sol.
Sentei-me a beira do Rio Paraíba, amarelecido, envilecido, águas sofridas e poluídas, mas sabe, eu consegui vê-lo como antes, com calmas corredeiras, aguas cristalinas, e tanta mas tanta vida... Refleti-me...Constatei-me... Argüi-me...
Foi bom poder apresentar-me a mim de novo...
Noite chegando, eu tendo que ir, pois que nem tudo é dia, é folia.
Amanhã, talvez eu desperte e recomece tudo no exato ponto onde hoje, tudo deixei...
Continuo o desenho. Obra-prima?
Depende de por onde eu fôr no meu interior...
Depende muito de saber-me, aceitar-me, calar-me quando a música de repente for justo aquela que eu não gosto, sabendo que pra muitos ela pode ser a redenção...
Cada na sua meu irmão...
O que não pode acontecer, é a gente de forma insonsa, insolente, jogar fora o que pra nós nasceu, justamente o retoque do nosso desenho. Aquilo que completa a paisagem de nossos contornos. Justamente a algesia que veio pra nos redimir, pra nos ensinar, pra nos mostrar que sós, nada somos...
A não ser um monte de lembranças presas, embaraçadas, que remontam de um tempo, que já há muito, nosso livre arbítrio soterrou...
É isso aí...
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