Nada faz-se estarrecedor enquanto viajo...
O mesmo trem, o ressonar do apito.
O sorriso, o grito.
A mentira, defeito finito
que delibera o que restou,
e que tanto tentamos matar...
Olhos semi-cerrados,
visagem de campo açambarcado
pela confusa cor que se afere às estações...
A lembrança das chaminés.
Das meninas, das usinas.
O peso no ar,
e o colo vazio...
Que frio!
Adentro-me, eu em mim, percurso solto
que toma meu corpo revolto,
e desvincula-me de tudo o que ouço...
Sou manso, sou feroz.
Sou abruptamente para as línguas que não discernem,
um tresloucado algoz...
Só sei que assim é minha viagem.
Por vezes, sentimentos lerdos...
Por vezes momentos fertéis...
Por vezes decepção...
Mas sempre minha viagem.
Que não para, pois que dinâmica faz-se,
enquanto a dor tenta me alcançar...
Coitada dessa amargura.
Quantas vezes ela quis levar-me a loucura...
Mas viajor que sou
já conheço de cor as trilhas onde moram os remansos de cura.
E lá vou eu...
Feito um réu confesso,
viajante do espaço.
A buscar o que Deus me deu.
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