terça-feira, 2 de outubro de 2007

Azaléias

Morreram todas as azaléias cor de maravilha,

e hoje também sinto-me assim, calada e morta.

As cores desbotadas já fechando as comportas

do que outrora foram mil andanças às milhas.





Por que a flor dura menos que o fino espinho?

Por que o meu pensamento retém o ressequido

escavar de terra infértil se vi os lírios floridos?

Deve ser porque a raiz do mal feriu meu ninho!





Aquele pássaro triste canta tão pouco lá fora,

deve ser o sol escaldante desse seco meio-dia,

ou a sede e mais a fome consumindo a eutimia,

ou quem sabe o ponteiro calando a sacra hora.





Ontem o dilúvio das águas tirou-me a meia-lua,

e sem ter onde chorar, assim sem ter para onde ir,

não precisei perguntar quando esqueci de sorrir,

bastou-me lembrar da azaléia que um dia foi sua.

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