sábado, 1 de janeiro de 2011

Fé intrusa

Não sei quantas vezes chorei por outras felicidades,
és bem vindo se trouxer algum amor,
as vidas são como ventos que dançam
e arranham o destino com unhas pontiagudas.


Tingindo de cores múltiplas, diversas e únicas,
não sei como explicar minhas dúvidas,
sou o norte, mas não o meu, apenas o caminho,
talvez de uns poucos caminheiros de fé.


Choras, e porque choras se pode falar de amor,
se for a forma perfeita de alguém muito infeliz,
não saberás como usar teu pedaço de vida.


Se é somente um desígnio ruim ou instinto
de palavras embriagadas por uma bebida,
um absinto, uma boa dose bem amarga de fé.


Se acreditas vem, põe vistas as ilusões que entende,
não precisa comentar, ao menos dizer a hora apropriada,
pergunte a si, que vida devo, que vida sigo até o pó.


Sou pedaços de uma escritura, um testamento,
deveria encorajar e fazer outros acreditarem,
mas como, se nem eu acredito na vida que me impõem,
sou pastor sem ovelhas, um crente sem Deus, um não.


Não consigo mais escrever, não sei dar conselhos,
mostro meu peito vazio, por dentro e fora,
os olhos que ainda acreditam nos sentimentos,
mas não o corpo, não o meu, tenho fé intrusa.


Um dia o carinho passou e levou todos os outros,
uma alma de que tem fé, mas em uma especial,
o perfeito morre como os demais, e eu, para sempre.

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