quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

CORPO E ALMA

Quando tempo se passou? Não sei lhe dizer , não sei lhe dizer.Parece que hoje acordei vazio.E antes que você venha me falar qualquer coisa, lhe digo, não sei o que aconteceu.Ando achando o futuro uma enganação, parecido com distração, porque ele me tira de mim e me joga para a o abraço da incerteza e para as mãos do medo.O futuro é apenas conseqüência do presente. Se o destino, se é que ele existe, nos reserva algo, já está tudo claro aqui no presente.Mas tolo, sempre estou perdido em devaneios no porvir.Não, eu não estou triste ou qualquer outra coisa.Talvez um pouquinho fora de mim.Noite de luar sem lua.Só dói quando respiro.Por um momento sinto toda tristeza do mundo, que não é minha, que juro que não é minha.Tudo pintado de cinza.Filhos sonhados e que não nasceram.A dor de não ter amor, não ter futuro, de não ter dor.Tudo pintado de cinza.O gosto de infelicidade na boca.Quero chorar um rio de lágrimas.Sinto-me insignificante.Repito, repito que não estou triste.“Tudo que ele deixou foi uma carta de amor pra uma apresentadora de programa infantil. Nela ele dizia que já não era criança, e que a esperança também dança como monstros de um filme japonês. Tudo que ele tinha era uma foto desbotada, recortada de revista especializada em vida de artista. Tudo que ele queria era encontrá-la um dia (todo suicida acredita na vida depois da morte). Tudo que ele tinha cabia no bolso da jaqueta. A vida quando acaba, cabe em qualquer lugar.”Dormi garrafa, mas acordei caco de vidro.Ontem eu era um lago, mas acordei como se tivesse lama na minha cama.Não estou sentindo meu corpo, parece que por alguns instantes ele ficou sem alma...Não estou morto.Tudo o que me resta é VIVER, VIVER, VIVER!
Andre Luis Aquino










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