Ah... Natureza! Que cruel regime
te impõe o homem, perdulário e ateu!
Agride fauna e flora, alheio ao crime
de estragar o que Deus nos concedeu!
O ar, o sol, o azul que esmalta o espaço,
o homem faz réus de equívocos critérios;
enche os céus desse trágico bagaço
de pós mortais e gases deletérios!
Quando se rouba à mata a ave inocente
e polui- se a mercúrio a água dos rios,
é nessas horas que o Senhor pressente
o quanto somos maus e somos frios!
Da árvore que estala, vindo ao chão,
evola-se um lamento ao infinito,
mas não o ouve o autor da infanda ação,
pois só Deus é capaz de ouvir tal grito!
Natureza: viemos de outras plagas
pra crescer nos reencarnes sucessivos,
mas te enchemos de pústulas e chagas,
inda presos a instintos primitivos!
Falhos que somos desde os cromossomos,
de nós tirai, Senhor, machado e serra;
lembrai- nos que, afinal, nada mais somos
que meros forasteiros sobre a Terra!
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