quarta-feira, 21 de março de 2007

OUTONAIS


Sou folha envelhecida pelo tempo
Que o vento carrega de um lado a outro
No vendaval que me assola!

Sou verbo. Sou carne.
Sou vinho, tinto, seco,
Com sabor e têmpera
Que os anos melhoram!


Deixei que o vento varresse
Também as palavras;
E que o brilho de meu olhar
Nasça nas frias madrugadas!

Sou um tímido raio de sol
Que se espalha na amplidão
Buscando aquecer e aquecer-me,
Neste sonhar que me cobrem
As pontas dos dedos e que
Não cabem em mim.

Vou-m'embora!
Entrego-me a densa bruma
Que a lua pálida clareia e
Em cujos braços abertos
Afogo o meu penar!

E nos abraços de meus braços,
No beijo de meus lábios,
No sal do suor que me escorre
Toda a saudade que guardo
Em meus sonhos!

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