quinta-feira, 22 de março de 2007

Poemas de Amor

é no cume da maior das montanhas
Que, agora,
encaro o maior dos poderes;
É na aliança do amor de dois seres
Que tenho forças pra atingir façanhas:
Guardião do céu,
não vou partir agora;
A sereia carece de cuidado
E não consegue nadar sem meu lado;
Pranto,
que cai, acha que fui embora.
Mas eu parei no meio do caminho.
Mesmo no céu, me sentirei sozinho.
Não é porque existe o ciclo da vida
Que vou ficar girando ao seu redor.
Compreendei-me,
desejo vosso dó;
Não devo dar partida sem querida!
Formamos a chave da eternidade,
Portas só abrem com a gente junto,
Porque eu e ela somos todo o conjunto;
Um sem o outro não beija liberdade.
Eu sei que sou rebelde libertor;
Tudo farei pra estar com meu amor.
Por mais que vós fiqueis relampejando,
Não vou enquanto não parar o pranto.
Ouvi silêncio sofrendo no canto;
Vede nosso oceano transbordando.
Se estivermos em planos diferentes,
Não conseguiremos ver a alegria,
Água do nosso poço fica fria
E no fundo, almas ficarão carentes.
Nem a faca de fogo corta essa água,
Visto que nosso amar não sente mágoa.
Sem meu sal,
o mar perde um pouco a calma;
Bolhas que saem mostram a dor dela;
Água quente porque ela acende vela,
Reza pelo descanso da minha alma;
E todos os mares estão de luto:
Seus habitantes refletem tristeza,
Solidão da sereia sem viveza...
A onda deu um minuto de tributo,
Há peixe que não suportou pressão,
Até tubarão sentiu depressão.
Eu desejo viver eternamente
Enquanto o canto da almiranta encanta;
Só aquela doce voz me levanta,
Que guia meu navio na crescente,
É mastro que me deixa sentir vento.
Atento sobre vento assim, me alastro;
Rosa-dos-ventos mostrando meu astro,
O fim para mim vem sem movimento.
Vou sem me preocupar com o final,
Porque junto ao mar, não fico carnal.
Caio de joelhos, peço permanência.
Mesmo que jamais eu possa tocá-la
E fique destinado ao eterno cala,
Próximo dela, disfarço a abstinência;
Porém, que as sombras possam se tocar.
Somente o fato de ficarmos pertos,
Já espanta todos os nossos desertos.
É a chuva que vai nos unificar:
Juntos, vamos evaporar pro céu
E vamos viver em lua de mel.
A alteza natureza está comigo,
Que me deixa transpor qualquer barragem:
Toda a terra treme, mas de coragem;
Vai me defender da ira do castigo.
Nem furacão me abate aqui de cima.
Há força tão forte quanto Divino,
Evocada quando amor bate o sino.
Estou seguro nos braços do imã.
Mesmo que me lance no precipício,
Bem... lá embaixo, será mais um princípio.
Raios não me machucam tanto assim.
Dói mais se ficarmos assim distantes:
Ó é um vazio e um frio queimantes,
Faz-me madeira cheia de cupim.
Sem aquele riso, me acabo ao pouco;
Sem ela, sou buraco sem futuro;
Sem ela, eu estou condenado ao escuro;
Sem aquela estrela, ficarei louco.
E luto para não ir mais além,
Porque o mal é ficar sem o meu bem.
O clamor do amor atinge o supremo,
E toda a atmosfera fica vermelha;
Numa nuvem espelha sobrancelha...
Semblante sitiante do meu remo;
Eu vou embora, mas não céu afora,
E sim em direção à eternidade,
Afogando-me na profundidade.
Que lá, minha estrutura fique âncora;
Sob águas que tocam minha raiz,
No fundo do poço, fico feliz.
A montanha, lentamente, me desce,
É a palma do guardião que se derrama,
Levando-me pra quem tanto me chama;
E a chama do amor ainda mais cresce;
Vou afundando no eterno oceano,
Mares transbordam com minha presença.
E graças à crença, houve renascença;
O humano não vai mais para o outro plano.
Bem junto da sereia, enfim, me findo;
Em cima dela assim, morro sorrindo.

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