Janelas coloridas abertas ao sol
paredes caiadas
de um branco puríssimo
portas em abóbada
lembrando outras histórias
souvenirs pendurados na parede.
De estradas empedradas
tu és feita
ó aldeia portuguesa
e enfeita-te a tarde
na mansidão das planícies
no sossego
de teu apego
à terra.
Candeeiros e iluminarias
realçam o azul do céu
animais percorrendo
tuas ruas estreitas
carregam alforges
e carroças de madeira
o poema que se perde
nas horas
de um entardecer
no fim do horizonte –
linha paralela
com seus trigais,
suave brisa nas espigas
enquanto anoitece
e a poesia acontece.
E as crianças e os cães
saem à rua
para correr e saltar
entre as searas
de teus planaltos
iluminadas as eiras
pela luz da lua
uma coruja parada
pia baixinho
junto ao sino
da igreja bonita
que os aldeões
ajudaram a erguer.
E antes da ceia
no chão a ajoelhar
reza-se pelo pão
fermentado
por mãos calejadas
amigas e familiares
que sabem da seiva
com que nasceu
este poema.
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