Oh, que dor ter
versos na lonjura
da paixão, e o cérebro
todo manchado de tinta
Oh, que dor não ter
a fantástica camisa
do homem feliz: a pele
- tapete de sol -curtida!
( Em redor dos meus olhos
bandadas de letras giram. )
Oh, que dor a dor
antiga da poesia,
essa dor pegajosa
tão longe de água limpa!
Oh, dor de lamentar-se
por sorver a véia lírica!
Oh, dor de fonte cega
e moinho sem farinha!
Oh, que dor não ter
dor e passar a vida
sobre a erva incolor
da vereda indecisa!
Oh, a mais profunda dor,
a dor da alegria
relha que nos abre sulcos
onde o pranto frutifica!
( detrás de um monte de papel
assoma a lua fria.)
Oh, dor da verdade!
Oh, dor da mentira!
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