sábado, 2 de abril de 2011

MINHA PÁTRIA SEM NOME

Minha Pátria sem nome,
nem pronome;
e em cada verso, o Tejo
rumoreja –
Camões compondo
líricas, no líquido das
fontes recessas,
apelando ao visco da pedra.

A pedra é sempre pedra,
esculpindo meu rosto
(como quem funde oiro,
ou coisa nenhuma) –
e os pássaros no restolho,
anunciam o entardecer,
no crepitar ansioso
das águas, na pressa de chegar.

Vãos de escada; e em
cada esquina um fascista;
escondendo-se fedendo,
nas alturas dos
arranha-céus – melhor
seria pô-los a todos,
à disposição do povo:
doutrinando-os de socialismo.

Tenho fome de dentes
na tábua… de morder o éter
insalubre, com que
deixaram meu país,
à beira do colapso flexuoso
(só a poesia pode numerar
e restringir os excessos,
da criança, que tudo sabe).

Anseio minha Pátria livre,
de escumalha
e de escombros políticos;
alva brisa adentrando nas
folhas das árvores,
guardando pela nossa
inteireza, o nome com
que do Pátrio nos elegemos.

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