sábado, 2 de abril de 2011

AQUELE QUE EM FLOR TE QUIS

Não sei que sou ou fui,
sou um rio que flui,
entre o estar e o ser,
que a poucos tem dizer.

No oceano derradeiro,
de todos fui o primeiro –
ficou-me da vã Sorte,
a certeza, que é como à morte.

E se sou um sono de dormir,
minhas mágoas a carpir,
durmo em mim o que não há –
dum a outro lado, se bastará.

Tudo é vão, quanto consente.
Nunca fui feliz nem contente…
e se hoje me sinto a amar,
é porque antes, soube sonhar.

E se no sonho, doutro sonhei,
talvez tenha sido um rei,
ou a lua, quando desaparece,
que à manhã trouxe benesse.

Aquele, que em flor te quis,
como se traçasse a giz,
o teu rosto, que nem sei,
de tudo quanto eu te dei.

Sem comentários: